O
tratamento do DDA começa com esperança. A maior parte das pessoas que descobrem
serem portadores de DDA, sejam crianças ou adultos, sofreram muita dor. A
experiência emocional do DDA é preenchida com obstáculos, humilhações e autopunição.
Na ocasião em que o diagnóstico de DDA é realizado, muitas das pessoas com DDA
já perderam a sua autoconfiança. Muitas se consultaram com numerosos
especialistas, não tendo encontrado ajuda verdadeira. Como consequência, muitos
perderam sua esperança.
O
passo mais importante no começo do tratamento é o de instilar esperança mais
uma vez. As pessoas com DDA podem já ter esquecido o que existe de bom sobre si
mesmas. Eles devem ter perdido, há muito tempo atrás, qualquer crença sobre a
possibilidade de as coisas darem certo. Estão, com frequência, presos em um
padrão rígido, teorizando sobre si próprios, suportando com razoável tolerância
os desacertos e com criatividade para manter suas cabeças fora d’água. É uma
perda terrível esta de desistir da vida tão cedo. Mas muitas pessoas com DDA
não conheceram outro caminho que não seja o de fracassos seguidos. Para eles,
ter esperança é apenas arriscar em ser novamente derrubado.
Ainda
assim, sua capacidade de ter esperança e de sonhar é imensa. Mais que a maioria
das pessoas, os que têm DDA possuem imaginação visionária. Têm grandes ideias e
têm grandes sonhos. Eles podem usar a menor oportunidade e imaginar que elas
podem se tornar em algo revolucionário. Podem fazer de um encontro casual um
grande acontecimento. Eles vivem em sonhos e necessitam de métodos de
organização para dar sentido às coisas e para mantê-los nos trilhos.
Mas,
como a maioria dos sonhadores, eles vacilam quando os sonhos murcham. Em geral,
quando o diagnóstico de DDA é feito, esta situação de colapso já aconteceu
tantas vezes, número suficiente para fazê-los receosos de ter esperança
novamente. Uma criança pequena preferirá ficar em silêncio do que arriscar em
ser criticada novamente. O adulto manterá sua boca fechada, em vez de arriscar
estragar tudo de novo. O tratamento, então, deve começar com esperança.
Nós
dividimos o tratamento de DDA em cinco áreas básicas:
1.
Diagnóstico
2.
Educação
3.
Estrutura, apoio e aconselhamento
4.
Várias formas de psicoterapia
5.
Medicação
Aqui vamos traçar alguns princípios gerais que se aplicam tanto a
crianças como a adultos, quanto aos aspectos não medicamentosos do
tratamento do DDA. Uma das formas de organizar o tratamento não medicamentoso
do DDA é através de sugestões práticas ou “dicas” de administração dos
sintomas, como as que seguem:
1.
Esteja seguro quanto ao diagnóstico. Tenha certeza de estar
trabalhando com um profissional que compreenda de fato o que seja DDA e tenha
excluído todas as condições relacionadas ou assemelhadas, tais como estados de
ansiedade, depressão do tipo agitação, hipertireoidismo, doença
maníaco-depressiva, ou desordem obsessivo-compulsiva.
2.
Eduque-se a si mesmo. Provavelmente, o único tratamento mais poderoso para o
DDA seja o entendimento sobre o DDA, em primeiro lugar. Leia livros, converse
com profissionais. Converse com outros adultos que tenham DDA. Você será capaz
de projetar o seu próprio tratamento para adequar à sua própria versão de DDA.
3.
Aconselhamento. É útil para você ter um aconselhador (treinador), alguma pessoa
próxima de você para ficar de olho em você, mas sempre com humor. O seu
“aconselhador” pode ajudá-lo a ficar organizado, permanecer nas tarefas,
dar-lhe o encorajamento ou lembrá-lo para voltar ao trabalho. Amigo, colega, ou
terapeuta (é possível, mas arriscado para você ter aconselhamento de seu marido
ou esposa), um aconselhador é alguém para “grudar” em você, para ajudar a que
você conclua suas tarefas, e que lhe dê avisos, como fazem os treinadores,
fique de olho em você, e geralmente, bem perto. Um aconselhador pode ser muito
útil no tratamento de DDA.
4.
Encorajamento. Adultos com DDA necessitam de montões de encorajamento. Isto é
devido, em parte, a que eles têm muitas dúvidas sobre si mesmos, que foram se
acumulando com o passar dos anos. Mas é mais do que isso. Mais do que as pessoas
comuns, o adulto com DDA murcha sem encorajamento e, com certeza, brilha como
uma árvore de natal, quando o recebe. Em geral trabalharão para outra pessoa de
um modo que não fazem para si próprios. Isto não é ruim, apenas é assim. Isto
deve ser identificado e deve-se tirar vantagem para o tratamento.
5. Compreenda o que DDA não é, ou seja,
conflitos com a mãe, e aquela baboseira de terapias antigas.
6. Eduque e envolva outras pessoas.
Assim como é crucial para você compreender o que seja DDA, é igualmente, se não
mais importante, que aqueles à sua volta também compreendam família, colegas de
trabalho e da escola, amigos. Uma vez que eles tenham captado o conceito, eles
serão capazes de entendê-lo melhor e ajudá-lo também.
7. Abandone a culpa que carrega por ter
um comportamento de buscar coisas altamente estimulantes. Compreenda que você é
impulsionado para obter altos estímulos. Tente selecioná-los com discernimento,
em lugar de ficar “chocando” os estímulos ruins.
8. Preste atenção ao “feedback” dado
por pessoas de sua confiança. Adultos (e crianças também) com DDA são,
notoriamente, maus auto- observadores. Eles usam muito do que aparenta ser
rejeição.
9. Considere a possibilidade de aderir
ou de formar um grupo de apoio. Muito das informações mais úteis sobre DDA
ainda não achou o caminho dos livros, mas permanece guardado nas mentes das
pessoas que têm DDA. Em grupos estas informações aparecem. Além disto, os
grupos são realmente úteis em oferecer o tipo de apoio que é tão
desesperadamente necessitado.
10. Tente livrar-se da negatividade que
possa ter infestado seu sistema, se você viveu por muitos anos sem saber que o
que você tinha era DDA. Um bom psicoterapeuta pode ajudá-lo neste sentido.
11. Não fique acorrentado às carreiras
convencionais ou às formas tradicionais de competição. Dê a si mesmo a
permissão para ser você mesmo. Abonde as tentativas de ser a pessoa que você
sempre pensou que devia ser – o estudante modelo ou o executivo organizado, por
exemplo – e permita a si mesmo ser o que você é.
12. Lembre-se que você tem é uma
condição neuropsiquiátrica. Ela é transmitida geneticamente. É causada pela
biologia, pelo modo como o seu cérebro está conectado. NÃO é uma doença da
vontade, nem um fracasso moral. NÃO é causado por fraqueza de caráter, nem por
falta de maturidade. A cura não será encontrada na força de vontade, nem em
punição, nem em sacrifício, nem na dor. LEMBRE-SE SEMPRE DISTO. Embora tentem
muito, as pessoas com DDA tem grande dificuldade em aceitar que a síndrome tem
suas raízes na biologia e não na fraqueza de caráter.
13. Procure ajudar a outros com DDA.
Você aprenderá muito sobre a condição, durante o processo, como também sentir-se-á
bem em ajudar.
14. Estrutura externa. Estrutura é o
selo de excelência do tratamento não farmacológico da criança com DDA. Ela pode
ser igualmente útil para adultos. É tedioso de estabelecer, mas uma vez
montada, a estrutura funciona como as paredes curvas de uma pista de trenó de
gelo, que evita que o trenó escape para fora da pista. Faça uso frequente de
LISTAS, CODIFICAÇÃO COM CORES, LEMBRETES, AVISOS PARA SI PRÓPRIO, RITUAIS,
ARQUIVOS, ETC.
15. Códigos de cores. Mencionado acima,
os códigos de cores oferecem ênfase. Muitas pessoas com DDA têm uma orientação
visual. Aproveite isso, fazendo com que tudo seja memorizável com cores,
arquivos, memorandos, textos, agendas, etc. Qualquer coisa que esteja em preto
e branco pode ficar mais fácil de recordar, de prender a atenção, com cores.
16. Faça uma decoração alegre.
Concordando com o item 15, tente fazer o seu ambiente tão enfeitado quanto
queira, sem passar do ponto.
17. Prepare o seu ambiente de trabalho
e atividades no sentido de ser um prêmio, não um “murchador” (broxante). Para
entender o que seja um ambiente “murchador”, o que todo adulto precisa fazer é
lembrar de novo da sua escola. Agora que você tem a liberdade de adulto, tente
ajeitar as coisas de modo que você não seja constantemente relembrado de suas
limitações.
18. Reconheça e prepare-se o inevitável
fracasso de certa porcentagem X de projetos iniciados, novos relacionamentos, e
obrigações a cumprir.
19. Aceite desafios. O pessoal com DDA
cresce tendo muitos desafios. Desde que você saiba que nem todos eles vão se
desenvolver, e desde que você não tente ser tão perfeccionista e exigente, você
conseguirá concluir muitas coisas e não terá problemas.
20. Estabeleça DATAS DE CONCLUSÃO.
21. Fracione grandes tarefas em suas
partes pequenas. Estabeleça DATAS DE CONCLUSÃO para essas partes pequenas.
Então, como mágica, a grande tarefa estará concluída. Este é um dos mais
simples e mais poderosos entre os dispositivos de estruturação. Com frequência,
uma tarefa grande parecerá um grande transtorno para as pessoas com DDA. O
simples pensamento de tentar executar a tarefa faz com que o indivíduo desista.
Por outro lado, se a tarefa grande é quebrada em partes pequenas, cada
componente parecerá bem administrável.
22. Estabeleça prioridades. Evite
procrastinar. Quando as coisas ficam tumultuadas, o adulto com DDA perde a
perspectiva: pagar um estacionamento pode parecer tão urgente como apagar o
fogo que começou numa cesta de papéis. Priorize. Dê uma respirada profunda. Primeiro,
as primeiras coisas. A procrastinação é uma das marcas registradas do adulto
com DDA. Você precisa mesmo disciplinar-se a controlar e evitar esse problema.
23. Aceite o medo de coisas que estão
indo bem. Aceite a irritação quando as coisas estão muito fáceis, quanto não
existe conflito. Não complique as coisas para torná-las mais estimulantes.
24. Observe como e quando você trabalha
melhor: em um ambiente barulhento, num trem, enrolado em três cobertores,
escutando música, ou o que seja. Crianças e adultos com DDA podem conseguir o
melhor deles próprios sob condições bastante incomuns. Permita-se trabalhar sob
as condições que lhe pareçam melhores para você.
25. Saiba que está certo fazer duas
coisas de uma vez: converse e tricote, ou obtenha suas melhores ideias enquanto
está no chuveiro, ou faça jogging enquanto planeja uma reunião de negócios. Em
geral, pessoas com DDA necessitam estar fazendo várias coisas de uma vez, a fim
de ter algo realizado, enfim.
26. Faça aquilo em que você é melhor.
De novo, se parece fácil, está certo. Não existe nenhuma regra que diga que
você só pode fazer aquilo em que você não é bom.
27. Deixe um tempo livre entre os
compromissos para por seus pensamentos em ordem. As transições são muito
difíceis para os portadores de DDA. As mini pausas podem ajudar nas transições.
28. Mantenha um caderno de anotações no
carro, perto da sua cama, e no seu bolso ou jaqueta. Você nunca sabe quando uma
boa ideia vai chegar, ou que você vai relembrar de alguma coisa.
29. Lei sempre com uma caneta à mão,
não apenas para fazer anotações nas margens ou para sublinhar, mas para a
inevitável cascata de outros pensamentos que vão lhe ocorrer.
30. Tenha um tempo estruturado para
parar de funcionar. Separe algum tempo da semana para deixar correr solto, para
fazer quaisquer coisas que desejar: - estourar os tímpanos com música alta, ir
à corrida de cavalos, dar uma festa; escolha algum tipo de atividade, de tempos
em tempos, onde você possa soltar-se, de modo seguro.
31. Recarregue suas baterias.
Relacionado ao item 30, a maior parte dos adultos com DDA necessitam,
diariamente, de algum tempo para gastar, perder, desperdiçar, sem se sentirem
culpados. Uma forma livre de culpa para conceitualizar, isto é, chamar este
tempo de tempo para recarregar as baterias. Tire uma soneca, veja TV, medite.
Algo calmo, repousante, à vontade.
32. Escolha adesões boas, como fazer
exercícios. Muitos adultos com DDA têm uma personalidade compulsiva para
adesão, de modo que estão sempre engajados em algo novo. Tente fazer isto com
coisas positivas.
33. Compreenda como são as mudanças de
humor e as formas de administrá-las. Saiba que o seu humor vai mudar você
queira ou não, independente do que esteja acontecendo lá fora. Não perca seu
tempo esmiuçando os motivos ou procurando alguém para por a culpa. Em vez
disto, focalize em aprender a tolerar o mau humor, sabendo que ele vai passar,
e a aprender estratégias para fazer com que ele passe mais rápido. Mude de
cenário, ou seja, envolva-se com outra atividade nova (de preferência,
interativa) como conversar com um amigo ou jogar tênis ou ler um livro,
ajudará.
34. Relacionado ao item 33, reconheça o
ciclo adiante, que ocorre comumente com adultos com DDA:
Alguma coisa assusta o seu sistema
psicológico, uma mudança ou transição, um desapontamento, ou mesmo um sucesso.
O fator desencadeante pode ser bem comum. Este assustador é seguido por um
pequeno pânico, com uma súbita perda de perspectiva, o mundo vai ficando de
pernas para o ar. Você tenta lidar com este pânico, caindo num estado de obsessividade
e de ficar ruminando sobre um ou outro aspecto da situação. Isto pode durar por
horas, dias, e até meses.
35. Planeje cenários alternativos para
lidar com os inevitáveis blábláblás. Ligue para algum amigo (tenha uma lista).
Veja um vídeo que sempre te deixa animado e tira sua mente da rotina. Tenha
como fazer exercícios físicos na hora. Um saco para dar socos ou um travesseiro
à mão se houver muita raiva guardada. Ensaie algumas conversas que você pode
ter consigo mesmo, do tipo: Você já esteve aqui antes. Estes são os momentos de
depressão do DDA. Eles vão passar logo. Você está bem.
36. Prepare-se para a depressão que vem
depois de obter sucesso. As pessoas com DDA reclamam de sentir-se deprimidos,
paradoxalmente, após um grande sucesso. Isto é porque o alto estímulo da caça
ou o desafio da preparação já acabou. O jogo já acabou. Ganhou ou perdeu. O
adulto com DDA sem falta do conflito, do desafio, do alto estímulo e fica
deprimido.
37. Aprenda símbolos, slogans, ditados
e palavras abreviadas para etiquetar pequenos escorregões, erros, ou variações
de humor, colocando-os em perspectiva. Quando você entra à esquerda, em vez de
entrar à direita, e por isto obriga sua família a sofrer por 20 minutos, até
conseguir retornar ao seu caminho, é melhor ser capaz de dizer: aqui vai o meu
DDA novamente do que ter uma luta de 6 horas com seu desejo inconsciente de
sabotar a viagem inteira. Estas não são desculpas. Você ainda tem que ter
responsabilidade pelas suas ações. É muito bom saber de onde vêm suas ações e
de onde elas não vêm.
38. Use tempos de intervalo, como com
as crianças. Quando você estiver preocupado ou super-estimulado, tire uma
pausa. Saia. Acalme-se.
39. Aprenda como advogar em causa
própria. Adultos com DDA estão muito acostumados a serem criticados, que eles
são desnecessariamente defensivos, levando o seu próprio caso de defesa
adiante. Aprenda a abandonar a defensiva.
40. Evite um encerramento prematuro de
um projeto, um conflito, um acordo, ou de uma conversa. Não desista tão cedo,
mesmo que você esteja se coçando para fazê-lo.
41. Tente fazer com que o momento de
sucesso dure e seja relembrado, tornando-se duradouro por muito tempo. Você
precisa treinar a si mesmo, de modo consciente e deliberado, a fazer isto,
porque sua tendência é de esquecer rapidamente.
42. Lembre que DDA em geral inclui uma
tendência de excessiva focalização ou de hiper-focalização sobre um só assunto,
de vez em quando. Esta hiper-focalização pode ser usada de modo construtivo ou
destrutivo. Fique consciente do seu uso destrutivo: uma tendência de ficar
obcecado ou
ruminando sobre algum problema imaginário, sem ser capaz de deixá-lo ir embora.
43. Exercite vigorosamente e de modo
regular. Você deve agendar isto em sua vida e cumprir. Exercício é um dos
melhores tratamentos para DDA. Ele ajuda descarregar o excesso de energia e de
agressividade de forma positiva; permite uma redução de ruído mental; estimula
o sistema hormonal e neuroquímico de modo terapêutico, e acalma o corpo.
Quando você soma isto aos demais benefícios conhecidos do exercício, você pode
ver quão importante é o exercício. Faça algo divertido, de modo que você possa
continuar firme por toda a sua vida.
44. Faça uma boa escolha de um parceiro
(a) significativo. É claro que isto é um bom conselho para qualquer pessoa. Mas
é marcante como o adulto com DDA pode florescer ou afundar-se, dependendo da
escolha de companhia.
45. Aprenda a fazer piadas de si mesmo
quanto aos vários sintomas, do esquecimento à tendência de ficar perdido, ou de
não ter tato e sutileza ou de ser impulsivo. Se você pode ficar relaxado sobre
os problemas e ter senso de humor, os outros vão perdoá-lo muito mais.
46. Agende atividades com amigos.
Respeite estes agendamentos com fidelidade. É crucial para você ficar conectado
com outras pessoas.
47. Procure e junte-se a grupos onde
você seja apreciado, querido, compreendido e alegrado.
48. O contrário do item 47. Não fique
muito tempo onde você não seja compreendido ou apreciado.
49. Faça elogios. Observe outras
pessoas. Em geral, aprenda a ter treino social com seu aconselhador.
50. Estabeleça DATAS DE CUMPRIMENTO de
atividades sociais.
Texto extraído do livro "Tendência à Distração" de Edward Hallowell e John J. Raley
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